Com um aparelho similar ao utilizado no vídeo acima, são realizados testes para verificar se existem diferenças na força entre os músculos extensores do joelho ("parte da frente ou anterior" da côxa) e os flexores do joelho ("parte de trás ou posterior" da côxa). Essa mesma diferença também pode ser estudada comparando o lado esquerdo e direito (bilateralidade). No geral, os extensores são 30% mais fortes que os flexores. Em indivíduos sedentários, desequilíbrios musculares inferiores a 10% são considerados normais. Contudo, nos atletas, desequilíbrios superiores a 5% já são significativos, pois, estes precisam ter a musculatura bem condicionada para o máximo desempenho na modalidade. Com relação ao grau de harmonia muscular, ocorrem problemas quando dois músculos com funções opostas (Ex: extensores e flexores do joelho) possuem forças diferentes. É necessário haver um "balanceamento" adequado entre ambos, caso contrário pode ocorrer rupturas em suas fibras. O desequilíbrio entre a força dos músculos flexores e extensores sugere não ultrapassar o potencial de força dos extensores mais do que 10% em relação aos músculos flexores, para proteger de lesões. Muitos autores concordam que uma diminuição de 50-60% da força muscular dos flexores para os extensores predispõe a lesões.
Existe na literatura (Assis et al., 2005) referência desses testes realizados com praticantes de Jiu-Jítsu, no qual observou-se diferença significativa entre os músculos extensores e flexores, predispondo o lutador a maior risco de lesões. Como citado anteriormente, essa "desarmonia" de força nesses músculos além de aumentar o risco de lesões, limita o desempenho máximo do atleta na modalidade, pois ambos precisam estar fortes, "harmoniosamente". Além disso, em quase todos os golpes de potência e força nas lutas alterna-se frequentemente entre a extensão e flexão do joelho (Exemplos: entrada de queda; entrada antecipando-se aos golpes do adversário; raspagem.).
Em estudo recente (Drid et al., 2009), foi observado que essas assimetrias não são exclusividade de atletas de Jiu-Jítsu. Em um grupo de 20 atletas de elite de Judô e Luta Olímpica, observou-se esse mesmo problema. Em todos os índices verificados, foram encontrados desarmonia na força muscular em sua razão extensores-flexores do joelho, não sendo observadas, nesse contexto, diferenças entre judocas e atletas de Luta Olímpica.
Conclusão e aplicação prática
A força muscular e o equilibrio dessa qualidade entre os músculos extensores e flexores do joelho minimizam o risco de lesões e são relevantes para possível maior êxito em modalidades de combate. Com base nesses estudos, recomendamos que no trabalho de preparação física, sejam realizados exercícios de flexibilidade e de força, atentando-se principalmente para os músculos flexores, pois comumente são os mais negligenciados no planejamento do treinamento. Desse modo, serão minimizados desequilibrios entre esses músculos, inferindo em menor probabilidade de ocorrência dos problemas supracitados.
Leandro Paiva
Referências:
1) Assis et al. AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DE QUADRÍCEPS E ÍSQUIOS-TIBIAIS NOS ATLETAS DE JIU-JITSU. RBPS 2005; 18 (2) : 85-89;
2) Drid et al. Asymmetry of muscle strength in elite athletes. Biomedical Human Kinetics, v.1, p. 3-5, 2009.
Observação: Veja AQUI, possibilidades no planejamento do treinamento e exercícios, com intuito de minimizar ou suprimir a assimetria na força de lutadores.