ANÁLISE - Strikeforce: Fedor Vs Werdum
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ANÁLISE - Strikeforce: Fedor Vs Werdum



Antes de entrar no miolo da fruta deixo clara a minha opinião que narradores e comentaristas, em MMA, deveriam ser, no mínimo, como árbitros em futebol. Os bons, você nem nota. Se quando acaba um evento, estamos comentando que eles não calaram a boca na hora da entrada dos lutadores ou das besteiras que disseram, é porque houve algum problema. Nesse sábado a dupla encarregada dos comentários no Strikeforce foi constrangedora. Deram um show de mal português e péssimo conhecimento do esporte, claramente lendo na listinha do www.sherdog.com o cartel e resultado de todos os lutadores. Ler e se informar é do jogo, mas ler ao vivo, fica desleixado. Da parte do português, bem, eles fizeram mais do que errar palavras, eles inventaram novas num neologismo doentio. Sambo (a luta praticada por Fedor Emelianenko) virou "sanbon", reversão virou "revenção", submission virou "submmíssio". Chegaram ao ponto de "traduzir" o nome de um lutador. Gilbert Melendez passou para GILBERTO Melendez. Nos EUA o Presidente Lula é chamado de President Squid? Impressionante. Mas, o pior de tudo, foi chamarem MMA de vale-tudo. Em bares, ruas e conversas informais aqui no Brasil vale-tudo é quase um apelido para MMA. Mas, profissionalmente, é MMA e ponto final. A transmissão toda foi um show de despreparo e desinteresse por parte dos dois envolvidos. A HBO tem poder financeiro para contratar bons profissionais que amem e entendam do esporte (Luciano Andrade, Carlos Barreto, Nico Anfarri, dentre outros), e obrigação de oferecer um produto de qualidade para seus espectadores. Ou, no mínimo, uma tecla SAP que nos permita ouvir a transmissão original, em inglês.

Sobre as lutas, foram três os destaques. A vitória quase coreografada de Cung Lee sobre Scott Smith, numa luta cheia de plasticidade e unilateral. Por falar em laterais, Cung e Lyoto são dos dois lutadores de MMA que melhor dominam os ângulos na luta em pé. Esquivas e golpes das diagonais num refinamento de precisão e inteligência característica apenas deles. É uma pena Cung Lee não ter começado a carreira de lutador de MMA aos 20 anos.

Cris Cyborg manipulou como quis e depois jogou fora a very sexy e very little cat Jan Finney. Apesar de ter começado a luta bonitinha mas ter acabado bem feia, tem um coração enorme e aguentou porradas que teriam colocado o Chuck Liddell de hoje em dia para dormir. Valorizou uma luta que todos tinham como fácil para a brasileira. Grandes lutadores precisam de adversários briosos para dar brilho ao seu cartel. Finney mostrou que pode enfrentar qualquer uma no peso e Cris Cyborg colocou mais um ladrilho de ouro na sua estrada para Oz.

Fedor Emelianenko nos mostrou que o melhor atleta do mundo só o é por aplicar suas habilidades ao extremo e isso só ocorre quando há respeito pelo adversário. Se é verdade que o russo católico ortodoxo respeita a todos como indivíduos pensantes e criaturas de Deus, também é verdade que, esportivamente ele vem pagando só a gorjeta em quase todas as suas lutas nos últimos 2 anos por subestimar o oponente. Nesse Strikeforce ele finalmente pagou a conta toda por entrar na jaula acreditando no papo de fã de que ele é imbatível. Para o fã, o atleta é um herói, um sobre humano, mas para o próprio, que treina , abre mão de dias com a família e sente dor, esse pensamente não pode existir. Fedor deixou claro que foi contaminado por esse oba oba mundial ao tratar um dos melhores lutadores de chão do planeta como se fosse apenas um de seus sparrings de sambo lá nos confins da Rússia. Foi finalizado em pouco mais de 1 minuto.

Já o brasileiro Fabrício Werdum nos mostrou várias coisas. Mostrou que jiu-jitsu é a arte marcial mais mortal já inventada. Verdade que em MMA como a luta começa em pé, o atleta tem que ter conhecimento de wrestilng para levar a luta para o chão ou de trocação para derruba-la para o chão, mas o jiu-jitsu bem aplicado é uma arapuca vietnamita. Me faz pensar porque Minotauro, Damian Maia, Minotouro e o próprio Werdum vem querendo apostar no boxe ao invés de lutar o que sabem no chão. Talvez tenham cansado da dinâmica da luta de solo, quem sabe. A questão é que sabendo essa ser sua única real arma contra Fedor, ao se perceber num embrulho na lona com o Russo, começou a atacar, incansavelmente, num show de raça e agrassividade por baixo que não vemos faz tempo. Só parou quando pegou e finalizou. Werdum mostrou para todos e para ele prórpio porque jiu-jitsu era uma arte tão temida e, principalmente, porque deve continuar sendo.

TWITTER: @nicoanfarri



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