Em estudo que acaba de ser publicado, os pesquisadores oriundos do Departamento de Otorrinolaringologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Universitário de Colônia (Alemanha), analisaram se impactos com traumas recorrentes à cabeça afetavam a função olfatória de lutadores de modalidade com predominância de golpes traumáticos (Strikers).
A hipótese a ser testada era se os atletas teriam a função olfativa reduzida. Cinquenta atletas do sexo masculino foram submetidos a olfatometria ("medida de odores"). Além disso, foram submetidos a endoscopia nasal e responderam a um questionário detalhado sobre seu histórico médico e desportivo. Esses dados foram correlacionados com os dados normativos de indivíduos saudáveis.
Os pesquisadores verificaram que o limiar olfativo e de identificação de odores foram significativamente menores em lutadores, apesar de a discriminação de odores não ser afetada. Observou-se que houve correlação entre o desempenho de identificação de odor e a capacidade de amortecimento das luvas, ou seja, quanto mais acolchoadas eram as luvas do adversário, melhor era o desempenho de identificação de odor, e, portanto, pareceu ser uma medida de proteção em relação ao sentido do olfato nesse grupo de indivíduos.
Vale ressaltar que no MMA, as luvas são ainda mais finas (e menos acolchoadas) do que no Boxe, apenas protegendo as mãos de quem soca. Mesmo com a utilização de luvas mais acolchoadas do que no MMA, no Boxe, os traumas recorrentes na cabeça afetaram a função olfativa, especialmente pela redução do limiar olfativo.
Esses resultados podem ser extrapolados com algumas reservas para o MMA, pois nessa modalidade, a totalidade de golpes que o lutador absorve na luta não se concentra somente no segmento de golpes traumáticos: devem ser consideradas as técnicas de projeção e solo, evidenciando, desse modo, menor recorrência de golpes traumáticos na cabeça comparando com o Boxe.
Os autores deste estudo concluíram alertando que o amortecimento das luvas pode servir de proteção e deve ser aumentada para salvaguardar os desportistas de danos físicos.
Leandro Paiva
Referência:
Vent J, Koenig J, Hellmich M, Huettenbrink KB, Damm M. Impact of recurrent head trauma on olfactory function in boxers: A matched pairs analysis. Brain Research, 2010.