Hematomas pelo corpo, cortes no rosto e dores musculares. É comum identificar tais sintomas em lutadores de Mixed Martial Arts (MMA). À primeira vista, o esporte é um dos mais violentos da atualidade e gera as mais variadas lesões nos praticantes. Um estudo publicado pela American College of Sports Medicine, no entanto, vai na direção contrária desse pensamento. A pesquisa, realizada pelo dr. Matthew Otten, que é médico de ringue no Ultimate Fighting Championship (UFC), atesta que a maioria das lesões não são tão sérias quanto imaginamos.
Segundo o especialista, o resultado foi surpreendente até mesmo para ele, acostumado a lidar com os combates de perto. Questionado se os índices apontados pela pesquisa eram os que ele esperava quando começou a conduzir o estudo, ele é taxativo. "Não, muito pelo contrário. Eu pensei que o número de lesões seria muito alto. Esse foi o grande achado da pesquisa. A taxa de lesões é menor do que no boxe e, na verdade, se tirarmos os cortes no rosto e as dores musculares, o esporte apresenta um surpreendente baixo número de contusões", explica o pesquisador.
Para o dr. Otten, os dados conseguidos por meio do estudo poderão ser úteis para os profissionais que, assim como ele, realizam o primeiro atendimento aos lutadores. Mas também podem ir além. "A pesquisa pode ajudar os médicos a avaliar as tendências de lesões e a estar preparados para lidar com elas. Além disso, ajuda na hora de verificar os resultados de imagens neurológicas e raios X", opina ele, que se mudou este ano para Las Vegas justamente para trabalhar no UFC.
Lutadores concordamLiteralmente dando a cara a tapa nos ringues e octógonos, os lutadores são os que têm mais propriedade para falar se o esporte é violento ou não. E, para eles, a pesquisa do doutor Matthew Otten retrata a realidade. "Concordo que o MMA não é um esporte tão violento e perigoso. Na academia mesmo eu reparo isso. Os atletas de luta machucam-se menos do que os de outros esportes. A gente vê muita gente que se machuca jogando futebol", afirma Renato Alves, mais conhecido como Moicano, atleta de 21 anos que treina vale-tudo desde o começo do ano passado.
Segundo o jovem lutador, que tem um histórico em outras modalidades, ele nunca teve problemas sérios por causa do esporte. "Já tive pequenas lesões, mas nada muito sério. O pior foi uma lesão parcial no joelho direito, mas consegui recuperar apenas com fisioterapia. Antes de entrar no MMA, eu treinava jiu-jítsu e boxe e também nunca me machuquei", conta. Guto Inocente, outro praticante da capital, no entanto, não teve a mesma sorte. "Quebrei a mão lutando no Rio de Janeiro. Foi a segunda vez que tive essa lesão", revela.
Polêmica das proteçõesO tamanho das luvas e as proteções geram certa discussão. Mesmo concordando que as luvas são muito pequenas, todos concordam que não há o que mudar. "A luva é pequena sim e a mão fica pesada nos pesos mais altos, mas não tem como ser diferente sem atrapalhar alguns golpes", destaca o lutador Pedro Galiza, que tem luta marcada no Capital Fight. "Acredito que a proteção no MMA é suficiente para os atletas", acrescenta Guto Inocente.
Para o dr. Matthew Otten, a questão é delicada, mas nada que justifique nenhuma mudança nos eventos. "Essa é uma questão difícil, porque a essência do MMA é lutar sem proteção. Tem um estudo que confirma que, quanto menor o tamanho das luvas, maior a velocidade dos socos. Isso aumenta as chances de concussões e lesões cerebrais. Porém, no geral, não há muito mais opções de proteção que os lutadores em nível profissional possam usar."
Fonte: www.superesportes.com.br
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