Quase nunca utilizei este espaço para falar de mim, pessoalmente. Sempre acreditei que, além de desinteressante, soaria pedante demais. Pensei, titubeei e decidi que, dessa vez, em vez de utilizar esta oportunidade para compartilhar informações sobre "As Ciências das Artes Marciais", não frearia meu ímpeto em apresentar informações da "ciência" mais perversa: a dos perdedores.
De fato, não precisava denominar este artigo de "A ciência dos perdedores". Foi apenas um trocadilho irônico com meus textos costumeiros. Explico. Aliás, tentarei sucintamente:
Em 2001, após perceber que, em longo prazo, o mercado de educação física no Rio de Janeiro se tornaria cada vez mais perverso para os profissionais e atraente para os empresários do setor (oferta e demanda...), decidi que iria embora do Estado.
Tudo começou aí. Quando comentei que a escolha tinha sido Manaus, capital do Amazonas todos foram contra. Família, amigos, colegas. Todos me taxaram de louco e diziam: NÃO vá para um local tão distante, NÃO vai dar certo.
Decidi - como sempre - nadar contra a corrente e ir para o Amazonas. Depois de muito trabalho, conquistei em três anos o que não havia conquistado trabalhando quatro no Rio. Não foi dessa vez que entrei para as estatísticas da ciência dos perdedores. Ufa! É claro que sou obstinado. Não relaxo nem sossego enquanto não da certo. Ajuda muito quando você começa do zero.
Já no Amazonas, mais uma vez as estatísticas me namoraram...(risos). Decidi em 2005, apesar de ser um "mero" professor de Educação Física, que me engajaria em um projeto social no qual fui "fisgado". Formação e assistência para crianças vítimas de violência doméstica, do nascimento até os seis anos de idade. Na época era desesperadora a situação, pois tinham se esgotado os estoques de fraldas sem previsão de reposição. Imagine. As fraldas estão para os bebês como a dentadura para os idosos. SOBREVIVÊNCIA.
Convenci um grande amigo de tamanho e coração, Jair Gomes (na época participava da competição do homem mais forte do mundo), a vir me ajudar. Empresários e políticos me diziam: "é loucura, vai nadar, nadar e nadar, e morrer na beira da praia". Somente o Senador Arthur Virgílio e seu filho Arthur Bisneto se sensibilizaram e colaboraram enviando a passagem para Jair vir a Manaus para puxar "no braço" um caminhão lotado de crianças.
Arrecadamos um caminhão cheio de fraldas doadas pela população e por empresários. A foto que ilustra este artigo representa este dia. Com toda certeza, um dos mais emocionantes da minha vida. Dei um duro golpe nas estatísticas dos perdedores (Ahahahahahaahahha). Gargalhei dos que disseram NÃO. Juntinho com as crianças.
Em 2008, após concluir o livro "Pronto Pra Guerra", literalmente a concretização de um sonho, o fantasma dos perdedores voltou a me assolar. Não sabia o que fazer. Tinha vendido meu carro, raspado todas as economias de anos de trabalho para apostar neste sonho. Sabia que ia mudar a vida de muita gente, mas naquele momento só ouvia as piadas. Ora um dizia: "você é doido, ninguém mais lê nada nesse País", ora outro bradava: "vai falir, todo mundo só lê coisa de internet, ninguém tem mais paciência para ler livro". Que desespero. Fui adiante.
Após publicar com muita dificuldade em 2009, em menos de um ano já praticamente se esgotaram duas edições e o livro se tornou Best-Seller. Sorte? Talvez. Parafraseando Fabrício Boscolo Del Vecchio (amigo que me impulsionou e deu injeção de ânimo fundamental para concretizar meu livro): Sorte = oportunidade + capacidade.
Quero concluir este artigo alertando para algo inédito. Agora, em 2010, estou diante da maior prova de que posso engrossar as estatísticas. O pior: levar quase três mil leitores do livro "Pronto Pra Guerra" e os mais de cinquenta mil leitores de meus artigos comigo.
Fui incumbido da missão de transformar em dois dias a vida de centenas de pessoas. Fãs de lutas, técnicos, praticantes casuais, atletas, professores de educação física, fisioterapeutas e por aí vai...
Deus e/ou o destino me mandaram definitivamente tomar a frente e encerrar de vez com os tais "mistérios" que envolvem as Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate. Lembra até "Zadig ou O Destino", célebre livro de Voltaire, escritor e filósofo francês (recomendo). A única certeza que tenho é de que as coisas serão diferentes para quem conseguir se esforçar para participar disso.
Assim, os que desejarem se unir comigo para não engrossar a perversa estatística supracitada, contará com o auxílio dos maiores especialistas do País, quiçá, do mundo. Não posso adiantar muita coisa ainda. Só posso afirmar que, mais uma vez tenho ouvido NÃO diariamente; entretanto, mais uma vez, resolvi seguir adiante. Quem sabe não exterminamos de vez a tal "ciência dos perdedores", afinal se nascemos nus, sem nada, e conseguimos ler este texto até o final, o céu é o limite. Basta acreditar e ter atitude vencedora. Bom, pense bem baseado na programação adiante. Até lá.
Leandro Paiva loading...
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